Por Porfírio Arede
“Avinha-te, abifa-te e abafa-te”
Esta história passou-se há cerca de 50 anos. O meu antigo patrão, o Sr. Graça, sentindo-se com dores de cabeça e tonturas, resolveu consultar o seu amigo de infância – Dr. Miguel Castro.
O doente entrou e o Dr. Miguel perguntou: – Olá, Graça, como estás?
– Nada bom. Estou com dores de cabeça e tenho muito que fazer. Não posso adoecer agora! –
– Então vamos lá ver isso.
Depois de o analisar, o Dr. concluiu: – Não tens febre, a tensão está boa. Apenas tens a garganta um pouco vermelha, mas nada de especial.
– Então, o que é que me aconselhas? Talvez um Melhoral, que não faz bem nem faz mal?
– Se eu estivesse no teu lugar, pedia à empregada que me trouxesse para o jantar uma boa garrafa de tinto maduro, um bom bife de vaca e, depois do jantar, lavava os pés em água bem quente e assim os conservava algum tempo. De seguida, enfiava umas melas nos pés e deitava-me com dois pijamas debaixo da almofada, para assim que me sentisse transpirado poder trocar. De manhã, tomava banho para limpar as toxinas contidas na transpiração. Era isso que eu faria no teu lugar.
Sabedoria popular
Numa das minhas viagens para pesquisa de plantas, na zona entre o Rabaçal e Ancião, vi um senhor de idade avançada, paragem de autocarros. Parei o carro e convidei-o a seguir viagem comigo até ao destino. Depois de algum diálogo perguntei-lhe: – O que toma quando tem uma constipação?
– Faço um chá com duas folhas de eucalipto, algumas flores de sabugueiro e duas folhas de laranjeira. Depois coo, deito-lhe mel e bebo o chá quentinho 2 ou 3 vezes por dia. Assim a constipação passa-me.
Tenho muitas histórias de pessoas, dentro da cultura popular, que revelam conhecimento no uso das plantas certas.
Parece que estas histórias exemplificam como as tradições populares e o conhecimento das plantas podem oferecer abordagens interessantes para lidar com problemas de saúde. A sabedoria transmitida ao longo das gerações muitas vezes fornece conselhos práticos e naturais para diversos problemas.